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segunda-feira, 4 de agosto de 2014

3º. Ano - Indústria Cultural - texto complementar

A VIDA IMITA A ARTE | A INDÚSTRIA CULTURAL E A GLOBALIZAÇÃO

Adorno (renomado intelectual alemão, Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno. Filósofo alemão de origem judaica -11/9/1903-6/8/1969- um dos nomes mais conhecidos da Escola de Frankfurt, que contribuiu para o renascimento intelectual da Alemanha após a II Guerra Mundial) vai dizer que a expressão “indústria cultural” deve ter sido empregada pela primeira vez no livro Dialética do esclarecimento, de autoria dele e de Horkheimer, publicado em Amsterdam em 1947. Esse termo veio substituir a expressão “cultura de massas” que era utilizada para designar uma cultura que brota espontaneamente das massas, arte popular. Adorno afirma que a indústria cultural faz o consumidor acreditar que ele é o soberano, o sujeito dessa indústria, contudo na verdade o consumidor é o objeto. Ela se apresenta como progresso, continuamente novo, contudo é sempre igual. Os defensores da indústria cultural alegam que essa indústria funciona como critérios de orientação à sociedade. O imperativo categórico da indústria cultural não tem nada a ver com liberdade, muito pelo contrário, é um dever adaptar-se sem reflexão, através de sua ideologia, a adaptação toma lugar da consciência. A indústria cultural vai dizer que o importante é adaptar-se àquilo que propicie vantagens aos mais potentes interesses. Assim é que todos acabam aceitando o mundo como é, preparado pela indústria cultural. O objetivo último da indústria cultural é a dependência e o servilismo dos homens. Em síntese a indústria cultural trabalha para que o mundo seja ordenado precisamente do modo que ela sugere, impedindo a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e decidir conscientemente.
O cinema, o rádio e as revistas constituem um sistema. Cada setor é coerente em si mesmo e todos o sãoem conjunto. Hoje no Brasil constatamos que os proprietários das grandes redes de televisão são os mesmos das revistas de maior circulação, de jornais e estações de rádio de maior respaldo nacional e/ou mundial. Dessa forma a mesma notícia acaba sendo veiculada a todas as camadas sociais com a ideologia do órgão veiculante e todos acabam acreditando naquilo que está sendo dito, e, consequentemente, aceitando modos de vida como naturais, dados pelo divino, e  dessa forma a ordem é mantida, através da unidade do sistema cada vez mais coesa, e assim os economicamente mais fortes exercem seu poder sobre a sociedade, difundindo e impondo a padronização e a produção em série. E nós, na condição de ouvintes, temos acesso aos mais diversos veículos de comunicação, a vários canais, porém, todos iguais, similares uns aos outros.
Os produtos mecanicamente diferenciados acabam por se revelar sempre a mesma coisa, as vantagens e desvantagens discutidas pelos conhecedores servem apenas para perpetuar a ilusão da concorrência e a possibilidade de escolha. E a indústria cultural logra seus consumidores quanto àquilo que está sempre a lhes prometer, o convidado deve se contentar com a leitura do cardápio. Ela não sublima, mas reprime, é pornográfica e puritana ao mesmo tempo. A produção em série do objeto sexual produz automaticamente o seu recalcamento. Nela está sempre presente a ameaça de castração. A felicidade não é para todos, mas para quem tira a sorte grande, ou é designado por uma potência superior. E só um pode tirar a sorte grande, e só um pode ser célebre. Resta regozijar-se com a sorte do outro, que poderia ser a sua, mas nunca é. Seu discurso é sempre vago, funciona como instrumento da dominação. Ela é o profeta irrefutável da ordem existente. E para demonstrar a divindade do real ela limita-se a repeti-lo constantemente. E repete sempre que todos podem ser como a sociedade todo-poderosa, todos podem ser felizes, desde que se entreguem de corpo e alma, desde que renunciem a pretensão de felicidade.
E a indústria cultural ordena com a maior naturalidade tanto o holocausto como a compra de bugigangas, e todos obedecem, massivamente. A publicidade e a indústria cultural se confundem tanto técnica quanto economicamente. A repetição universal dos termos, designando as decisões tomadas, as torna familiares, a repetição cega e rapidamente difundida de palavras designadas liga a publicidade à palavra de ordem totalitária.
A indústria cultural e a escola como representante desta indústria infantilizam o ser humano, fortalecendo o impedimento do crescimento, porque para a indústria cultural o ser humano é substituível, e dessa forma nega a essência, pois só há essência na diferença. A indústria cultural planta a fantasia e a imaginação.
A indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente, segundo suas próprias razões. Nesse sistema tudo se torna negócio, a arte torna-se um meio eficaz de manipulação. Ele traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno, exercendo o papel específico de portador da ideologia dominante. O homem é mero instrumento de trabalho e de consumo.
A indústria cultural é a própria ideologia, sua intenção é obscurecer a percepção das pessoas, principalmente das formadoras de opinião.
A indústria cultural proporciona ao homem necessidades, fazendo com que ele adquira aquilo que não necessita, com o dinheiro que ele não tem, fazendo-o consumir incessantemente. Estamos sempre insatisfeitos, querendo consumir e o campo de consumo se torna cada vez maior, devido ao progresso técnico e científico que são controlados pela indústria cultural.
E podemos acreditar que as novas tecnologias da comunicação e da informação poderão ser uma arma eficiente contra a indústria cultural, devido à questão da interatividade, principalmente a Internet.
Se foi a indústria cultural que promoveu a globalização, foi a globalização que nos fez atentar para a diversidade cultural e o respeito às etnias. Essas novas tecnologias deixam de ser unilaterais para serem participativas, nelas não cabe mais o reflexo, o discurso, mas a reflexão, a participação. Não mais interação, mas interatividade. Não mais universalidade com totalização, agora universalidade sem totalização.
Autora: Janaína Colpan
Músicas para refletir...


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