Professor Iasson, O SOBERANO


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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

ADA - Conteúdo do Exame Final

Filosofia - 1º Ano

  • Mito;
  • Sofistas;
  • Pré-socráticos;
  • Marxismo e positivismo.
Filosofia 2º. Ano
  • Ética;
  • Poder.
Filosofia 3º. Ano
  • Pensamento político moderno;
  • Estética. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

4º. Bimestre - Vamos ligar o alerta pessoal!!

Escola Adventor Divino de Almeira -ADA

Matutino - Filosofia - 1º. Ano - Turmas A e B

  • 28 e 29 de novembro avaliação bimestral.
  • 05 de dezembro  - segunda chamada. 
Matutino - 2º. Ano - Turmas A e B.
  • 29 de novembro avaliação bimestral.
  • 05 e 06 de dezembro - segunda chamada.
Matutino - 3º. Ano - Turmas A e B.

  • 22 e 23 avaliação  bimestral.
  • 29 de novembro -data final para entrega do trabalho.
  • 05 e 06 de dezembro - segunda chamada.
Vespertino - 1º Ano - Turmas C,D e E - Filosofia e Sociologia
  • 28 e 29 de novembro avaliação bimestral.
  • 05 de dezembro  - segunda chamada. 
Vespertino - 2º. Ano - Turma C  Filosofia e Sociologia
  • 22 de novembro - avaliação bimestral.
  • 29 de novembro prazo final para entrega do trabalho. 

Vespertino - 3º. Ano - Turma C - Sociologia e Filosofia

  • 22 de novembro - avaliação  bimestral.
  • 29 de novembro -data final para entrega do trabalho.
  • 05 e 06 de dezembro - segunda chamada.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Escreva seu nome em hieróglifo (escrita do antigo Egito)

http://www.eyelid.co.uk/hieroglyphic-typewriter.html

quinta-feira, 16 de maio de 2013

2º. Ano C - Vespertino - História - Exercícios sobre o Iluminismo - 16/05/2013

01. (Ufmg) Leia o texto.
"Se existem ateus, a quem devemos culpar senão os tiranos mercenários das almas que, provocando em nós a nossa revolta, contra as suas velhacarias e hipocrisias, levam alguns espíritos fracos a negarem o Deus que esses monstros desonram? Quantas e quantas vezes essas sanguessugas do povo não levaram os cidadãos oprimidos a revoltarem-se contra o seu próprio rei?"
Esse texto é de autoria de
a) Descartes, no DISCURSO DO MÉTODO, em que apontava a fé como um empecilho ao conhecimento.
b) Erasmo de Roterdã que, em O ELOGIO DA LOUCURA, condena a leviandade com que o clero conduz os assuntos sagrados.
c) John Locke, em O SEGUNDO TRATADO SOBRE O GOVERNO CIVIL, em que defendeu o direito à rebelião contra um governo tirânico.
d) Spinoza que, em sua obra TRACTUS THEOLOGICO-POLITICUS, investe contra a intolerância religiosa e apregoa o livre pensamento.
e) Voltaire, que faz do seu DICIONÁRIO FILOSÓFICO um libelo anticlerical com fortes críticas à conduta dos sacerdotes.
02.  (Uece) Identifique, nas sentenças a seguir citadas, aquela que expressa o pensamento de Montesquieu:
a) "É uma verdade eterna: qualquer pessoa que tenha o poder, tende a abusar dele. Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder".
b) "(...) é preciso (...) encontrar uma forma de associação que defenda e proteja a pessoa e os bens de cada associação, de qualquer força comum, e pela qual, cada um, não obedeça senão a si mesmo, ficando assim tão livre quanto antes."
c) "O Estado está obrigado a proporcionar trabalho ao cidadão capaz, e ajuda e proteção aos incapacitados. Não se pode obter tais resultados a não ser por um Poder Democrático."
d) "A única maneira de erigir-se um poder, capaz de defendê-los contra a invasão e danos infligidos, uns contra os outros (...) consiste em conferir todo o poder e força a um só homem."
e) “O homem é o único animal racional, porém, o único que comete absurdos”.

03. "A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão teria grande repercussão no mundo inteiro. 'Este documento é um manifesto contra a sociedade hierárquica de privilégios nobres, mas não um manifesto a favor de uma sociedade democrática e igualitária. Os homens nascem e vivem livres e iguais perante a lei, dizia seu primeiro artigo; mas também prevê a existência de distinções sociais, ainda que somente no terreno da utilidade comum'..."

Assinale a alternativa que identifica um dos artigos da Declaração que prevê a distinção a que o texto se refere.
a) "A propriedade privada é um direito natural, sagrado, inalienável e inviolável."
b) "Os cidadãos de conformidade com suas posses devem contribuir com as despesas da administração pública."
c) "A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de força pública que deve ser instituída em benefício de todos..."
d) "A lei só tem direito de proibir as ações que sejam prejudiciais à sociedade."
e) "Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, mesmo religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública...".

04.  Quando na mesma pessoa, ou no mesmo corpo de magistrados, o poder legislativo se junta ao executivo, desaparece a liberdade... Não há liberdade se o poder judiciário não está separado do legislativo e do executivo... Se o judiciário se unisse com o executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. E tudo estaria perdido se a mesma pessoa ou o mesmo corpo de nobres, de notáveis, ou de populares, exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de ordenar a execução das resoluções públicas e o de julgar os crimes e os conflitos dos cidadãos". (Montesquieu, DO ESPÍRITO DAS LEIS, 1748)
a) Qual o tema do texto?
b) Explique o contexto histórico em que foi produzido.

05.Para os pensadores do século XVII, precursores do Iluminismo, a busca do conhecimento deveria ser guiada pela razão.
a) Aponte três características do pensamento científico do século XVII.
b) Cite dois pensadores do Iluminismo

06. Se o vocalista da banda Legião Urbana se chamava Renato Manfredini, de onde veio o “Russo” do seu nome artístico?


 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

ADA - 2º. Ano - Geografia - O crescimento Demográfico e seus fatores.

O crescimento Demográfico e seus fatores
Do inicio dos anos 70 até hoje, o crescimento da população mundial caiu de 2,1% para 1,6% ao ano, o numero de mulheres que utilizaram algum método anticoncepcional aumentou de 10% para 50% e o número médio de filhos por mulher em países subdesenvolvidos caiu de 6 para 4. Ainda assim, esse ritmo continua alto e, caso se mantenha, a população do planeta duplicará até 2050.

O crescimento demográfico está ligado a dois fatores: o crescimento natural ou vegetativo, e a taxa de migração, que é a diferença entrem a entrada e a saída de pessoas de um território.

O crescimento da população foi, explicado a partir de teorias. Vejamos as principais.

Teoria de Malthus
Em 1798, Malthus publicou uma teoria demográfica que apresenta basicamente dois postulados:

- A população, se não ocorrerem guerras, epidemias, desastres naturais, tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria, portanto, em progressão geométrica.

- O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em progressão aritmética e possuiria em limite de produção, por depender de um fator fixo: o próprio limite territorial dos continentes.

Malthus concluiu que o ritmo de crescimento populacional seria mais acelerado que o ritmo de crescimento da produção alimentar. Previa ainda que um dia estariam esgotadas as possibilidades de aumento da área cultivada, pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela agropecuária e a população do planeta continuaria crescendo. A conseqüência seria a fome, a falta de alimentos para abastecer as necessidades de consumo do planeta.

Hoje, sabe-se que suas previsões não se concretizaram: a população do planeta não duplicou a cada 25 anos e a produção de alimentos cresceu no mesmo ritmo do desenvolvimento tecnológico. Os erros dessa previsão estão ligados principalmente as limitações da época para a coleta de dados, já que Malthus tirou suas conclusões a partir da observação do comportamento demográfico em uma região limitada. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução demográfica e do progresso tecnológico aplicado a agricultura.

A fome que castiga mais da metade da população mundial é resultado da má distribuição, e não da carência na produção de alimentos. A fome existe porque as pessoas não possuem o dinheiro necessário para suprir suas necessidades básicas, fato facilmente do enorme volume de alimentos exportados, as prateleiras dos supermercados estão sempre lotadas e a panela de muitas pessoas n~\o tem nada para comer.

Teoria de neomalthusiana
Foi realizada uma conferencia de paz em 1945, em São Francisco, que deu origem a Organização das nações Unidas. Foram discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão se um novo conflito militar em escala mundial.

Mas havia um ponto de consenso entre os participantes: a paz depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades econômicas no planeta.

Passaram a propor amplas reformas nas relações econômicas, é óbvio, diminuíram as vantagens comerciais e, portanto, o fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países subdesenvolvidos em direção ao caixa dos países desenvolvidos.

Foi criada a teoria demográfica neomalthusiana, ela é defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos, para se esquivarem das questões econômicas. Segundo essa teoria, uma população jovem numerosa, necessita de grandes investimentos sociais em educação e saúde. Com isso, diminuem os investimentos produtivos nos setores agrícolas e industriais, o que impede o pleno desenvolvimento das atividades econômicas e, portanto, da melhoria das condições de vida da população.

Segundo os neomalthusianos, quanto maior o numero de habitantes de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos.

Ela passa, então, a propor programas de controle de natalidade nos países subdesenvolvidos e a disseminação da utilização de métodos anticoncepcionais. É uma tentativa de encobertar os efeitos devastadores dos baixos salários e das péssimas condições de vida que vigoram nos países subdesenvolvidos a partir de uma argumentação demográfica.

Teoria reformista
Nessa teoria uma população jovem numerosa, em virtude de elevadas taxas de natalidade, não é causa, mas conseqüência do subdesenvolvimento. Em países desenvolvidos, onde o padrão de vida da população é elevado, o controle da natalidade ocorreu paralelamente a melhoria da qualidade de vida da população e espontaneamente, de uma geração para outra.

É necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e econômicas para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio.

Para os defensores dessa corrente, a tendência de controle espontâneo da natalidade é facilmente verificável ao se comparar a taxa de natalidade entre as famílias brasileiras de classe baixa e as de classe média. Á medida que as famílias obtém condições dignas de vida, tendem a diminuir o números de filhos para não comprometer o acesso de seus dependentes aos sistemas de educação e saúde.

Essa teoria é mais realista, por analisar os problemas econômicos, sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais do dia-a-dia das pessoas.

Teoria Ecomalthusiana

Afimavam que a causa dos problemas ambientais globais estava intimamente ligada ao elevado crescimento demográfico verificado nos Países Subdesenvolvidos, sendo necessario um novo controle de natalidade através do uso generalizado de anticoncepcionais.

Esta teoria é facilmente refutada, pois a causa principal dos problemas ambientais que o mundo vive se deve em larga escala, ao elevado consumismo que ocorre no mundo desenvolvido, com elevado desperdício de matérias-primas e energia.
Referência: Adailton Figueiredo, Henrique Lucena, João Carlos Rocha, Mariano Azevedo e Wellington Albano (História); Agenor Pichini, Elmar Anselmo, Bosco Oliveira e Sami Andrade (Geografia).

ADA - 3º. Ano - Geografia - A história do petróleo


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

CEAPE - 3ª.Série - Frente A - A busca milenar pelo ouro azul

Por Christophe Courau. Fonte: História Viva




O delta do Nilo: o maior rio africano foi a chave para o desenvolvimento pioneiro do Egito

A busca pela água é uma das mais antigas atividades humanas. Ao longo dos séculos, os homens desenvolveram técnicas cada vez mais sofisticadas para controlar cursos fluviais e armazenar seu conteúdo, chegando a guerrear por eles. A abundância do líquido é também um dos fatores responsáveis pelo nascimento das grandes civilizações antigas.

Uma das primeiras etapas na história da domesticação da água foi o surgimento da agricultura, o que levou ao desenvolvimento das técnicas de irrigação. De acordo com os indícios arqueológicos, as primeiras sociedades que transferiram a água dos rios para suas lavouras foram a babilônica, no atual Iraque, e a egípcia. Esta última foi responsável também por construir, no Nilo, as primeiras barragens conhecidas, inventando o que hoje chamamos de hidrologia.

Os antigos tiveram de criar também uma maneira de levar água às plantações que estavam acima do nível dos rios e canais. Os mesopotâmicos foram os pioneiros, criando o chadouf, sistema de alavanca e contrapeso que elevava alguns metros cúbicos de água por hora. O invento foi sucedido pela nória, uma roda vertical com copos que alimentavam uma canaleta, responsável por transportar o líquido até as lavouras.

Outra preocupação do período foi o excesso de água. Os mesopotâmicos novamente saíram na frente e inventaram o primeiro sistema de drenagem da história: um pequeno declive que levava o excedente do líquido para um fosso de coleta na parte mais baixa do terreno. Graças a essas técnicas criadas na Idade do Bronze, as superfícies cultiváveis se multiplicaram. Coleção Particular



Representação do século III a.C. mostra uma lavoura em Acádia, na Mesopotâmia, berço das técnicas de irrigação

Mas egípcios e babilônios não foram os únicos capazes de controlar a água na Antiguidade. Por volta de 2500 a.C., a ilha de Creta já contava com um sistema de canais que levava o líquido até as casas. O palácio de Cnossos, por exemplo, possuía água corrente, fontes, banheiras e latrinas. Na mesma época, a civilização harappeana, originária do vale do rio Indo, no atual Paquistão, também possuía casas com chuveiros e latrinas, além de contar com uma rede urbana de esgotos. Por volta de 700 a.C., foi a vez dos assírios construírem um canal com mais de 100 km de comprimento para transportar a água das montanhas da região do atual Iraque para o palácio de Nínive. Enquanto isso, na Grécia, Arquimedes inventava um aparelho de elevação da água que ficaria conhecido como “parafuso”.

Roma também se destacou na domesticação do líquido. No século VI a.C., a cidade inaugurava seu primeiro sistema de esgotos. Cerca de 300 anos depois, o primeiro aqueduto, chamado de Aqua Appia, começava a levar água até a cidade por canais de alvenaria. Os romanos souberam também explorar e aperfeiçoar as invenções dos povos que conquistavam. Em meados do século I a.C., por exemplo, a nória mesopotâmica era usada pelos latinos na região do estreito de Bósforo, na Turquia.

No final do império, Roma contava com 11 aquedutos, e o maior deles, chamado Aqua Claudia, percorria 68 km e transportava cerca de 1 milhão de metros cúbicos de água por dia. Isso não quer dizer que a população comum era bem abastecida. Cerca de um quarto da água que chegava à cidade ia para a casa imperial; metade ficava com os cidadãos “ilustres”, como os senadores; e a população comum tinha de se contentar com apenas um quarto de todo o líquido, que era coletado nas fontes públicas.

Embora as civilizações antigas tenham desenvolvido vários tipos de sistemas hidráulicos, a sociedade medieval parece ter abandonado esses conhecimentos. O abastecimento de água do período era irrisório, e a falta de locais para coletar o líquido usado causava graves problemas: as tinturarias e curtumes instalavam-se nas margens dos rios, poluindo-os; como não havia esgotos, cada família jogava seus detritos nas ruas, onde permaneciam até que a chuva os levasse; e as nascentes e os poços eram muitas vezes contaminados pela água suja.

Essa situação de escassez fez com que leis rígidas fossem criadas para regulamentar o uso dos recursos hídricos. No ano 960, por exemplo, o califa de Córdoba criou o Tribunal das Águas de Valência, uma instância responsável por organizar a distribuição do recurso natural e julgar eventuais irregularidades em seu uso. Essa corte especial ainda existe na Espanha e é sem dúvida a mais antiga instituição de justiça da Europa. Há mais de mil anos, oito síndicos (representantes nomeados pelos camponeses locais) se reúnem em um pequeno recinto e discutem os problemas referentes à divisão das águas do rio Turia. Se acusado, o agricultor é convocado diante dos magistrados e tem, no máximo, três dias para comparecer. Muitas vezes, os camponeses que vivem às margens do Turia respondem por roubo de água – crime que há séculos é cometido durante os períodos de fome e estiagem – ou rompimento dos canais e muros, o que causa um excesso de irrigação nas plantações locais. (C) Richard Semik / Shutterstock

Arqueduto romano

A água sempre esteve associada à agricultura e à alimentação. Somente no início do século XIX essa situação se alterou, com a ascensão de uma função até então secundária: a higiene. O progresso científico fez com que a mentalidade do Ocidente mudasse, e passou-se a compreender o papel da água poluída nas epidemias de cólera ou de febre tifoide que assolavam as grandes cidades da época. Em meados do século, Paris contava com mais de 1 milhão de habitantes e só havia 90 mil m3 de água disponíveis por dia. Somente em 1854 a cólera matou mais de 11 mil pessoas.

Duas décadas depois, a Cidade Luz já contava com uma ampla rede de esgotos (boa parte dela é utilizada até hoje), e cerca de 448 mil m3 de água eram distribuídos por dia para a população. Em 1910, a profissão de carregador de água desapareceu completamente, dando espaço a um sistema de abastecimento e coleta composto por canais e galerias subterrâneas. Tinha início uma nova etapa na história da domesticação da água.

Embora quase todos os problemas sanitários tenham sido solucionados até o início do século XX, a água continuou a ser motivo de disputas e embates militares. Em alguns casos, se tornou até uma arma. Na década de 1980, por exemplo, durante a guerra entre o Irã e o Iraque, Saddam Hussein inundou algumas zonas de conflito para impedir que os iranianos atravessassem suas defesas. Por outro lado, após a Guerra do Golfo (1991), ele drenou os pântanos do rio Chatt-el-Arab, onde vivia a maioria dos xiitas, opositores do regime instituído em Bagdá.

A água tornou-se o “ouro azul”, um trunfo estratégico. No Oriente Médio, seu controle é um dos motivos do atual conflito árabe-israelense, pois 60% da água consumida no Estado judeu provém dos territórios palestinos ocupados. Na Turquia, a construção de barragens nos rios Tigre e Eufrates, obras indispensáveis para a região, ressecou as reservas de países como Síria e Iraque. Em 1975 foi a vez de a Síria anunciar a criação de uma barragem, quase provocando uma guerra com os vizinhos iraquianos.

Além de estar repleta de conflitos e embates militares, a história da domesticação da água é marcada também por vários exemplos de catástrofes ecológicas. Uma das maiores é a do mar de Aral, entre a Sibéria e o Uzbequistão. Os dois rios que alimentam a reserva foram explorados por décadas para o cultivo de algodão, fazendo com que o mar perdesse mais da metade de seus 64.000 km2 originais. Além disso, as margens ressecadas e saturadas pelo sal se tornaram verdadeiros desertos.


Nora mesopotâmica: mostra do avanço de uma das primeiras civlizações a domesticar a água

Outro exemplo é o mar Negro, que, entre 1988 e 1991, perdeu três quatros de seus peixes por causa da emissão de poluentes. Esse também é o caso no mar Cáspio, a maior extensão de água fechada do mundo (380 mil km2), que tem suas reservas de petróleo e gás exploradas de maneira totalmente desordenada. Por fim, o lago Chade, que em 1963 era o quarto maior reservatório de água da África, tem hoje uma extensão 20 vezes menor, pondo em perigo a sobrevivência de 22 milhões de pessoas. A gestão das águas do rio Indo, na Índia, do rio Mekong, que percorre países como China, Laos, Tailândia e Camboja, e do rio Amur, entre a Rússia e a China, são exemplos de pontos de tensão.

Essa situação tem poucas chances de melhorar nos próximos anos, já que a procura por água não para de crescer. Em apenas um século o consumo mundial do líquido foi multiplicado por sete. Esse fenômeno é consequência de fatores como o aumento da atividade agrícola e industrial, a melhoria do conforto doméstico e o crescimento demográfico. De acordo com os especialistas, são necessários 1.500 litros de água para produzir um único quilo de trigo; 4.500 litros para um quilo de arroz e quase dez vezes mais para um quilo de carne. Entre 65% e 70% de toda a água consumida pelo homem se destina à irrigação de lavouras e pastos; as atividades industriais utilizam entre 20% e 25% do total do líquido, e somente os últimos 10% são dedicados ao uso doméstico.

Existe um dado ainda mais alarmante e extremamente simbólico: a manutenção de um campo de golfe nas proximidades do mar Mediterrâneo consome 500 mil m3 de água por ano, a mesma quantidade necessária para alimentar uma cidade de 13 mil habitantes. Isso indica que a batalha pelo “ouro azul” só está começando

CEAPE - 1ª. Série do EM - Por uma história realmente universal

Por Arlene E. ClemeshaDivulgação. Fonte: História Viva



O ROUBO DA HISTÓRIA, Jack Goody, Contexto, 368 págs., R$ 49,90

O roubo da história tem como objetivo examinar o modo como a Europa “roubou a história do Oriente”. Não apenas suas criações artesanais e artísticas, instituições, invenções científicas e tecnológicas, enfim todas as grandes contribuições para a humanidade de regiões do chamado Oriente, mas sua própria história. Isto é, o lugar das sociedades não-européias na explicação do mundo contemporâneo.

A historiografia européia, ao criar periodizações, como aquela que divide a história em Antigüidade, Feudalismo, Renascença e Capitalismo, contribui consideravelmente para a exclusão dos povos do chamado Oriente. Cria, como defende o autor, a falsa idéia de um desenvolvimento exclusivamente europeu, desde a civilização grega e romana até o advento do capitalismo e a dominação européia do mundo a partir do século XIX, esquema este que relega a Ásia, África e América Latina à posição de exceção, estudadas à parte, quando muito.

Seria determinante, e lamentável, o abandono da visão (encontrada em Gordon Childe) que enfatiza a ampla unidade das civilizações da Idade do Bronze por toda a Europa e Ásia. É a idéia de um só mundo, formado por pólos civilizacionais paralelos, rompida pela idéia ocidental de uma Antigüidade puramente européia, baseada na noção equivocada da exclusividade de técnicas e instituições, desde a escrita até, por exemplo, a democracia (bastaria lembrar a democracia existente na colônia fenícia de Cartago, mencionada pelo autor).

A idéia de uma Idade Média de trevas, por sua vez, turva apenas a compreensão da história, pois o período representou, de fato, o auge da ciência, literatura (poesia), e filosofia islâmicas, bem como a Época de Ouro do judaísmo, quando filósofos judeus de Al Andalus, como Maimônides, escreveram suas principais obras (em árabe, que era a língua culta da época). A obra do grande filósofo islâmico Ibn Sina (Avicena) chegou à Europa antes daquela do grego antigo Aristóteles, tanto que quando São Tomás de Aquino começou a ler Aristóteles o fez pela lente da leitura prévia de Ibn Sina. O que demonstra que ao longo da “idade média” os árabes não apenas preservaram como desenvolveram o conhecimento herdado da Grécia. Para não nos estendermos no assunto, basta dizer que o chamado Renascimento seria melhor compreendido como uma continuidade do florescimento cultural do Islã clássico, ou, para tomar o exemplo de Goody, da própria China, tão avançada quanto, econômica, social e culturalmente. Sófocles e seus pupilos, miniatura, autor desconhecido, século XIII, Topkapi Sarayi Müzesi, Istambul

Quando se menciona Bolonha no século XII como sede da primeira universidade da história, se esquece o caso tanto da academia de Gundishapur, na Pérsia (atual Irã) no século VI, como a Bayt Al-Hikma, a Casa da Sabedoria. Localizada em Bagdá e fundada pelo califa abássida Al-Mamun, em 830/832 d.C., a Casa da Sabedoria reunia pesquisadores de várias origens, irradiando conhecimentos filosóficos e científicos em áreas como matemática, astronomia, medicina, química, zoologia e botânica. Al-Mamun enviava emissários para procurar e adquirir obras de “ciência antiga”, notadamente em Bizâncio, para serem traduzidas na Casa da Sabedoria, entre eles Platão, Aristóteles, Pitágoras, Hipócrates, Euclides e Galeno. Passado o período de traduções, Al-Kindi, Al Farabi, Al-Khwarizmi, Al-Gazalli foram alguns dos grandes nomes ligados às novas produções. Foi destruída em 1258 durante a invasão arrasadora dos mongóis. Há registros de que os livros foram atirados no leito do rio Tigre, manchando suas águas por meses.

Portanto, muito daquilo que vários historiadores apresentam como sendo fruto do avanço europeu, existiu como resultado do desenvolvimento autóctone de diferentes sociedades em todo o mundo. Tal seria o caso de valores que o discurso denominado culto associa automaticamente à Europa, como o humanismo e o individualismo, além da própria democracia, abordados pelo autor nos capítulos finais do seu livro.

Goody critica o estudo da sociogênese da civilização, realizado pelo sociólogo Norbert Elias, o qual teria ignorado toda a noção de comportamento “civilizado” (e urbanizado) marcante na China por muitos séculos, ao concentrar-se no pós-Renascença do “Ocidente”. Da mesma forma, denuncia, na obra do historiador Fernand Braudel, o contraste entre um Oriente estático um Ocidente dinâmico, características estas incorporadas a uma visão “civilizacional” sendo que deveriam, quando muito, pertencer ao campo do “conjuntural”. Finalmente, tendo analisado, de modo instigante, as contribuições bem como limitações de cientistas sociais que tentaram inserir o Oriente em suas obras e visões de mundo, o professor de antropologia social da Universidade de Cambridge propõe a substituição das periodizações existentes por uma “grade sociológica” que possa apreender comparativamente todas as variações existentes.

O livro de Jack Goody é, no mínimo, uma interessante contribuição à desconstrução do etnocentrismo enraizado e extremo da história européia, e à idéia fictícia de divisão e contraposição do mundo entre Ocidente e Oriente.  
Sófocles retratado em iluminura produzida na Síria: os clássicos gregos foram estudados e discutidos pelo mundo islâmico medieval.