"Não importa de onde vim, mais sim aonde quero chegar"
Eduardo Galeano
Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940) é um jornalista e escritor uruguaio. É autor de mais de quarenta livros, que já foram traduzidos em diversos idiomas. Suas obras transcendem gêneros ortodoxos, combinando ficção, jornalismo, análise política e História.
Em 1973, com o golpe militar do Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina, onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura. Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo. Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde vive ate hoje.
Abaixo, segue alguns trechos dos quais destaquei na introdução.
(...)
“Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta”
(...) A América Latina:
“Continua existindo a serviço de necessidades alheias, como fonte e reserva de petróleo, ferro, cobre e carne, frutas e café, matérias-primas e alimentos, destinados aos países ricos que ganham, consumindo-os, MUITO MAIS do que a América Latina ganha produzindo-os”
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“Quanto mais liberdade se outorga aos negócios, mais cárceres se tornam necessários construir para aqueles que sofrem com os negócios”
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“É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros de poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e consumo, os recursos naturais e os recursos humanos”
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“Para os que concebem a História como uma disputa, o atraso e a miséria da América latina são o resultado de seu fracasso. Perdemos; outros ganharam. Mas acontece que aqueles que ganharam, ganharam graças ao que nós perdemos: a história do subdesenvolvimento da América Latina integra, como já disse, a história do desenvolvimento do capitalismo mundial. Nossa derrota esteve sempre implícita na vitória alheia, nossa riqueza gerou sempre a nossa pobreza para alimentar a prosperidade dos outros: os impérios e seus agentes nativos”.
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“o ouro se transforma em sucata e os alimentos se convertem em veneno... fortunas que a natureza outorga e o imperialismo usurpa”
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"o sistema é tão irracional para com todos os demais que, quanto mais se desenvolve, mais se tornam agudos seus desequilíbrios e tensões".
(...) Assim como Florestan:
"até a industrialização dependente e tardia... contribui para semear o desemprego ao invés de tentar resolvê-lo; estende- se a pobreza e concentra-se a riqueza, que conta com IMENSAS LEGIÕES DE BRAÇOS CRUZADOS, que se multiplicam sem descanso".
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"o sistema não previu esta pequena chateação: o que sobra é gente. Gente que se reproduz.... o sistema vomita homens"
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"São secretas as matanças da miséria na América Latina; em cada ano EXPLODEM, SILENCIOSAMENTE, sem qualquer estrépito, três bombas de Hiroshima sobre estes povos, que tem o costume de sofrer com os dentes cerrados"
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"Segundo George W. Ball 'os pobres não podem desencadear uma guerra mundial'"
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"propõe-se justificar a desigual distribuição de renda entre os países e entre as classes sociais, convencer aos pobres que a pobreza é o resultado dos filhos que não se evitam e pôr um dique ao avanço da fúria das massas em movimento e em rebelião"
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"Diversas missões nortes americanas esterelizaram milhares de mulheres na Amazônia"
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"O sistema fala uma linguagem surrealista: propõe evitar os nascimentos nestas terras vazias; diz que faltam capitais em países onde estes sobram, mas são desperdiçados; chama de ajuda a ortopedia deformante dos empréstimos e à drenagem de riquezas que os investimentos estrangeiros provocam; convoca os latifundiários a realizarem a reforma agrária".
(...)
Vídeo 01
Vídeo 02
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